terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Uma economia que pensa na felicidade

Quão satisfeito está com a vida? Esta pode ser uma má altura para colocar a pergunta aos portugueses mas a verdade é que alguns economistas encontraram no bem-estar a razão de ser para os seus estudos - um deles é português.
E se Portugal resolvesse adotar a felicidade como a base do seu sistema económico? Mais uma pergunta difícil que encontra resposta na economia da felicidade, uma corrente ainda pouco investigada no nosso país.
Para muitos pode ser absurdo pensar num sistema económico baseado no bem-estar, mas tal já existe no reino do Butão. Este pequeno país rodeado pelos Himalaias elegeu, desde a década de 1970, a Felicidade Interna Bruta (FIB) como o principal índice de crescimento.
“O Butão é um exemplo da utilização de indicadores alternativos para a aferição do bem-estar de uma sociedade”, explica Gabriel Leite Mota, economista e primeiro doutorado em economia da felicidade em Portugal.
Mais perto da nossa realidade, as Nações Unidas utilizam desde 1993 o “índice de desenvolvimento humano, que congrega, para além do PIB, a esperança média de vida e indicadores de alfabetização”, refere o economista.

3 comentários:

  1. Diferentes indicadores resultam em diferentes rankings.
    De acordo com Gabriel Leite Mota, medir o índice de desenvolvimento e crescimento de um país apenas pelo Produto Interno Bruto (PIB) é um “paradigma que já está ultrapassado”.
    A economia da felicidade é um campo de estudos dentro da economia que procura juntar dados de bem-estar subjetivo com variáveis tradicionais da economia
    “O PIB é uma variável importante quando os países são muito pobres. Para qualquer país que está a iniciar o seu desenvolvimento o crescimento da riqueza é fundamental”, lembra o economista.
    Só que quando os estados atingem um elevado grau de desenvolvimento, outras variáveis devem ser levadas em conta. “Dentro da ciência económica já começa a haver muitas vozes que dizem que temos de olhar para outros indicadores”, sustenta o investigador.
    “Com diferentes indicadores, obtemos diferentes rankings. A felicidade surge como mais uma possibilidade de olharmos para a realidade e tentarmos perceber os níveis de bem-estar de um país”, remata Gabriel Leite Mota.

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  2. Desemprego é variável “destrutiva do bem-estar”.
    A economia da felicidade sustenta o seu trabalho nas “variáveis de bem-estar subjetivas”, que são medidas através de inquéritos e entrevistas. À primeira vista não se percebe muito bem o que são estas “variáveis”, mas Gabriel Leite Mota exemplifica: “o desemprego, que é uma das variáveis mais destrutivas do bem-estar, a qualidade das instituições, a confiança que as pessoas têm umas nas outras, a qualidade das relações ou o nível de trânsito que enfrentamos diariamente”.
    Depois de um trabalho estatístico destes dados, é possível descobrir quais destas variáveis devem ser integradas noutros indicadores, por exemplo, no índice de desenvolvimento humano.
    Numa altura de grave crise em Portugal e noutros países da Europa, a economia da felicidade pode ajudar? “Sim e não” é a primeira resposta dada pelo economista.
    “Uma vez em crise, percebe-se que o défice pode estar na parte económica e portanto temos que reativar a economia para poder sair da situação difícil”, diz Gabriel Leite Mota. Por outro lado, “a crise pode ser o momento para uma transformação e para se perceber que há outros caminhos que podem ser seguidos na produção de bem-estar”, conclui o investigador.

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  3. Costa Rica é a nação mais feliz do mundo.
    Existem já várias instituições que se dedicam a medir os níveis de felicidade de cada país. Por exemplo, de acordo com a "World Database of Hapiness", Portugal tem uma felicidade média de 5,7 numa escala de 0 a 10. O mesmo indicador diz-nos que a Costa Rica é o país com níveis de felicidade mais elevados (8,5) e o Togo é o país com a média mais baixa (2,6).
    Também a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) preocupa-se com os níveis de bem-estar dos países-membros. O resultado pode ser visto no "OCDE Better Life Index", que leva em conta variáveis como a habitação, o emprego, as preocupações ambientais ou a satisfação.
    Há ainda o "The Happy Planet Index", feito pela New Economics Foudantiton, que elaborou um mapa-mundo onde classifica os países de acordo com a esperança média de vida, a felicidade ou a pegada ecológica.
    Gabriel Leite Mota lembra que "estes índices são um work in progress" que apresentam "diferentes indicadores e medidas provenientes de diferentes dados". O investigador relaça que todos traduzem "os esforços de tentar medir o bem-estar".

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